Mulher foi assassinada sem motivo por dezenas de pessoas
Marcos Maluf
A dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, morreu espancada por dezenas de moradores no Guarujá, litoral de São Paulo. A causa do linchamento baseava-se em um boato, que foi fortalecido por falsas noticias, de uma página em uma rede social. Dois anos já se passaram após este acontecimento e a família ainda clama por justiça.
O crime
Foto: Marcos Maluf |
No
fim da tarde de sábado, dia 03 de Mao de 2014, Fabiane saiu de sua casa para
buscar uma bíblia na igreja em que frequentava, no litoral norte de São Paulo,
no caminho fez uma parada em uma quitanda de frutas, onde comprou algumas
bananas, logo a frente, caminhando com a sua Bíblia já em suas mãos, encontrou
uma criança que brincava na calçada, quando decidiu, num ato de amor, dar a
menina uma das bananas.
A
mãe de família não sabia, mas o fato de estar andando com sua Bíblia nos braços
e estar falando com uma criança, além de sua aparência física ser semelhante com
uma foto publicada na rede social sobre a suposta ‘’bruxa do Guarujá’’ , fez
com que confundissem a tal bruxa com Fabiane, pois a mulher que supostamente
fazia magia negra andava sempre falando com crianças e portava em seus braços
um livro de magia negra.
A
partir daí populares começaram a exclamar palavras de revolta, segundo
testemunhas em questão de minutos dezenas de pessoas revoltadas cercavam a vítima,
que foi cruelmente linchada. De acordo com reportagem exclusiva exibida na TV
RECORD, após ser amarrada, Fabiane sofreu vários ferimentos causados por
pauladas, socos e pontapés, a imagem mais revoltante é a de um morador batendo
na dona de casa com uma bicicleta.
O resgate
A
polícia militar de são Paulo recebeu várias ligações, e quando chegaram ao
local encontraram dezenas de pessoas revoltadas, dizendo palavras de revolta e
baixo calão, o caminho até Fabiane era longo e devido aos obstáculos das vielas
somados a multidão revoltada que cercava o local, os militares seguiram o
resgate e pé, o que diminuiu ainda mais as chances de sobrevivência da vítima.
O boato
Populares
diziam que na região existia uma mulher que seduzia e capturava crianças para realizar
rituais de magia negra, o boato ganhou mais força quando o retrato falado da
suspeita saiu em uma pagina em uma rede social, o retrato falado era composto
de um comparativo de uma foto real que foi parar na web por conseqüência de uma
montagem feita por um eis namorado de uma segunda vítima, que coincidentemente
tinha aparência quase que idêntica com a de Fabiane.
Fatos, crítica e indiciados
Até
onde temos o poder de publicar e compartilhar postagens em redes sociais? Será
que esta claro tamanha responsabilidade por parte dos usuários? Será que os
administradores de redes sociais devem ser mais criteriosos quanto aos fins de
cada página inserida na rede?
De
acordo com o site “DIARIO DO CENTRO DO MUNDO”, a deputada Jandira Feghali
cobrou da secretaria de comunicação social da Presidência da República a
suspensão da verba publicitária destinada ao SBT, isso ocorreu após aos
polêmicos comentários da jornalista Rachel Sheherazade incentivando a população
a agir por conta própria, usando palavras fortes, e a frase polemica ‘’adote um
bandido’’, o comentário aconteceu após a exibição de uma reportagem de um
linchamento de um bandido capturado por populares. A deputada ainda acusa o SBT de “incitar a violência”.
Cinco
homens foram presos responsáveis por agredir diretamente a vítima. Eles foram
identificados e indiciados por crime duplamente qualificado, agora aguardam julgamento.
’A
notícia acima de tudo tem poder de influenciar, dar uma notícia exige muito
mais do que simplesmente jogar palavras que podem ser qualificadas como
verdade. Se preocupar com cada palavra escrita ou dita é ter a responsabilidade
de ser ético, e ao mesmo tempo saber o significado da moral. Papel e caneta são
armas, que aprendemos a usar desde a infância, infelizmente pessoas aprendem o
princípio básico e se esquecem da responsabilidade que tem um comunicador.
O
jornalismo é coisa séria, e mesmo diante de tantos casos de nível extremo como
este, ainda há quem diga que comunicador não precise de formação superior, fala
que dispensa defesa, afinal estamos em um país em que as profissões mais influentes na sociedade não exigem
faculdade, um exemplo claro desta afirmação está em nossa política onde a
maioria dos ocupantes das cadeiras almofadadas não possuem conhecimento
específico do parlamento ou muito menos da função da qual lhe foi proposta’’.