“As instituições de ensino têm papel fundamental, ao lado das famílias, no combate a essa prática”
Lene Fernandes
Bullying é um termo da língua inglesa que se refere a todas as formas de
atitudes agressivas, verbais ou físicas, intencionais e repetitivas, que
ocorrem sem motivação evidente e são exercidas por um ou mais indivíduos,
causando dor e angústia, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa
sem ter a possibilidade ou capacidade de se defender, sendo realizadas dentro
de uma relação desigual de forças ou poder.
Hoje o bullying já e
um problema mundial, podendo ocorrer em lugares como escolas,
faculdades/universidades, dentro da própria família, local de trabalho e entre
vizinhos.
Ele se divide em duas categorias: O bullying direto, que é a forma mais
comum entre os agressores masculinos e o bullying indireto,
que é a forma mais comum entre mulheres e crianças, tem como característica
principal o isolamento social da vítima. Na maioria dos casos, a vítima teme o
agressor em razão das ameaças ou quando há concretização da violência, física
ou sexual.
As crianças ou adolescentes que sofrem bullying podem se tornar adultos com
sentimentos negativos e baixa autoestima. Podem vir a ter sérios problemas de
relacionamentos com comportamentos agressivos, e em casos extremos, a vítima
poderá tentar ou cometer suicídio.
Os agressores geralmente são pessoas que têm pouca empatia,
pertencentes às famílias desestruturadas, com relacionamento precário entre membros
de sua família.
O alvo dos agressores geralmente são pessoas tímidas, caladas e
com baixa capacidade de reação, e com alguma característica que o torne
diferente dos demais. Foi o caso de Gabriel Gomes de 11 anos, por ser o único
negro de sua classe o problema com ele foi a cor da sua pele, ele conviveu com
comentários racistas durante três anos em um colégio que estudava. De acordo
com sua avó Edil Campos, seu neto era chamado de “escravo” e apontado como o
“preto” da classe, “cheguei a conversar com o supervisor do colégio, mas nenhuma
providência foi tomada”, lamenta a avó.
No Brasil, uma pesquisa realizada em 2010
com alunos de escolas públicas e particulares revelou que as humilhações
típicas do bullying são
comuns em alunos da 5ª e 6ª séries. As três cidades brasileiras com maiores
casos dessa prática são: Brasília, Belo Horizonte e Curitiba.
Segundo a pedagoga e especialista em
educação infantil, Neusa Marli Littig, nem todo ato de intimidação é
considerado bullying, ela se caracteriza pela constância na intenção de
agredir, ferir e magoar. “Não podemos restringi-lo exclusivamente ao contexto
escolar, pois infelizmente, a prática pode ser detectada em vários ambientes,
comenta”.
A psicóloga Maria Tereza Maldonado, afirma
que as ações de bullying podem repercutir de formas diferentes nas vítimas e,
em algumas, têm efeito em longo prazo, com cicatrizes profundas. Segundo ela,
as instituições de ensino têm papel fundamental, ao lado das famílias, no
combate a essa prática. “Há três grupos dentro dessa rede de relacionamentos: a
vítima, o agressor, e o espectador. Quem presencia também é coautor, por isso,
quando ele é bem preparado, pode inibir a ação do agressor”, defende.
É importante lembrar que os atos de bullying ferem
os princípios constitucionais como respeito à dignidade humana e o Código Civil, que determina que “todo ato
ilícito que cause dano a outrem gera o dever de indenizar”. O responsável pelo
ato de bullying pode
também ser enquadrado no Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que as
escolas prestam serviço aos consumidores e são responsáveis por atos de bullying que ocorram dentro do
estabelecimento de ensino/trabalho.