Projeto Arara Azul: a realização de uma mulher
Neiva Guedes é criadora do projeto responsável por tirar a arara azul da lista de extinção
Norton Soares
Foto: Norton Soares |
A
bióloga e fundadora do Projeto Arara Azul, Neiva Guedes, 56 anos, estuda as
araras e promove a reprodução e preservação em seu ambiente natural, há 28 anos.
A ideia do projeto surgiu quando ela fez uma aula de campo no Pantanal e viu um
bando de araras voando e recebeu a informação de seu professor que as aves
estavam em estado crítico de extinção e iriam desaparecer em 50 anos.
Neiva
dedicou sua vida ao projeto, passando em média de 20 a 40 dias no pantanal. “Quando
eu soube do risco que as Araras Azuis estavam sofrendo eu resolvi dedicar meu
projeto de mestrado a elas e acabou se tornando meu projeto de vida”, afirma a
bióloga. Colecionando 27 prêmios durante a carreira ela se vê realizada na área
que escolheu. “Eu não saberia trabalhar com outra coisa, isso é o que me faz
feliz”, ressaltou.
Foto: Painel Instituto Arara Azul-Norton Soares |
Por
dedicar a vida a profissão e tendo família ela nem sempre pode estar presente,
no inicio da carreia principalmente, apenas depois de um tempo e o nascimento
de sua filha é que ela conseguiu ficar mais na cidade e se dedicar aos
familiares. No Pantanal ela chegou a ter duas gestações interrompidas. “Estava gravida
de seis meses, sempre fui muito forte, mas infelizmente peguei uma infestação
de carrapato que causou uma infecção na placenta e perdi. Após seis meses eu descobri
que estava grávida novamente, desta vez fiquei com dengue e acabei perdendo o
bebê, foi muito difícil”, revela emocionada Neiva. Depois de três anos
engravidou, porém, foi um parto arriscado devido ao nascimento prematuro, mas
que deu certo. “Hoje eu falo para minha filha que ela é a minha realização como
mãe”, conta a bióloga.
Foto: Acervo Neiva Guedes |
Guedes
não atua com o projeto só em campo, na área urbana ela tem o projeto Araras
Urbanas na Cidade, onde monitoram os ninhos das aves em Campo Grande. “Começamos
com quatro ninhos e hoje já temos em torno de 163, a população vem aumentando a
cada ano, existem alunos que começaram na graduação e agora estão terminando
pós-doutorado estudando as araras comigo, isso é bem prazeroso” diz orgulhosa.
No campo ela passou por algumas histórias interessantes como quando a moeda brasileira
mudou e ela não soube, pois passou toda a transição no pantanal sem comunicação
alguma. “O dinheiro tinha mudado e eu não sabia, quando voltei para a cidade
era tudo novo”, relata Guedes.
Para
quem quiser seguir essa profissão linda e trabalhar na preservação das Araras
ou de outras espécies que precisam de cuidados ela da o conselho. “Não desista
nunca, persista no seu projeto, não existe nada melhor para mim do que a
realização de ver as araras saudáveis e voando, seja no pantanal ou na cidade”.