Maria Lenk: a mulher que fez história na natação por causa de uma pneumonia


A principal nadadora brasileira deu as primeiras braçadas no rio Tietê, na capital paulistana, antes de ganhar o mundo

Caio Cesar Tumelero
Foto: Reprodução
Maria Emma Hulga Lenk Zigler nasceu em 15 de janeiro de 1915, na cidade de São Paulo – SP. Filha de imigrantes alemães, ela foi a principal nadadora brasileira por muito tempo e continua imortalizada na história da natação mundial.
A carreira de nadadora começou logo cedo, aos 10 anos, quando foi diagnosticada com uma pneumonia dupla. Aconselhada pelos médicos e incentivada pelos pais, ela deu as primeiras braçadas no rio Tietê, que, em 1925, não estava poluído como nos dias atuais. A natação em águas abertas foi a única saída, pois não existiam piscinas na cidade para que ela pudesse praticar o esporte. As primeiras raias, de 25 metros, começaram a ser construídas apenas em 1928, quando a nadadora já integrava a Associação Atlética São Paulo.
Aos 17 anos, Maria Lenk já fazia história competindo em nível internacional. Em 1932, ela foi a primeira sul-americana a competir em uma olimpíada, em Los Angeles. Segundo o site Educacional, a delegação brasileira de natação pagou a viagem vendendo o café que trouxe no navio. A nadadora ainda competiu com um uniforme emprestado e teve que devolver quando acabaram as provas.
Ela competia nos 100 m livre, 100 m costas e 200 m peito. Nessa última modalidade, inclusive, ela conseguiu as melhores marcas até então. Nas olimpíadas de 1936, em Berlim, chegou às semifinais dos 200 m nadando no estilo borboleta, sagrando-se percussora entre as mulheres.
Nos anos 40, a brasileira era a favorita a ganhar o ouro olímpico na olimpíada, que, infelizmente, não aconteceu por conta da Segunda Guerra Mundial.
Depois disso, ela começou uma excursão aos Estados Unidos. Foi a primeira mulher da América do Sul a enfrentar este desafio. Nas terras do Tio San, quebrou doze recordes norte-americanos. Na oportunidade, formou-se em Educação Física, pela Universidade de Springfield. Em seguida, abandonou a carreira para ajudar na fundação da Escola Nacional de Educação Física, da Universidade do Brasil, no Rio de Janeiro.
Maria Lenk chegou a voltar a competir logo após disso, disputou a categoria Master. No campeonato mundial da categoria 85-90 anos, no ano de 2000, ela conquistou cinco medalhas de ouro, nas categorias 100 m peito, 200 m livre, 200 m costas, 200 m medley e 400 m livre. A competição ocorreu em Munique.
Continuou treinamento durante anos, para manter o condicionamento físico. Faleceu em abril de 2017, aos 92 anos, em decorrência de um mal súbito.
Maria Lenk está no Hall da Fama da Federação Internacional de Natação (FINA) e nas lembranças de todos os esportistas do Brasil. É importante ressaltar que quando começou a competir, a mulher no esporte era um tabu. Mas ela, bravamente, conseguiu derrubar barreiras e conquistar seu espaço, servindo de exemplo para uma imensidão de mulheres nos dias atuais.

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