Brasil é um dos principais produtores de alimentos do Mundo. Um dos grandes desafios do agronegócio é produzir mais, e de forma sustentável, unir produtividade, lucro e preservação ambiental.
Valdinéia
Albuquerque Sene
Foto: Magali Aquino Barbosa |
Mato Grosso do Sul é privilegiado
com recursos hídricos. Cerca de 59% do maior reservatório de água doce do mundo
está localizado em seu território. A fartura desde recurso natural, somado a um
clima favorável, atrai investidores dos setores do agronegócio e da agricultura
de todas as partes.
Apesar de toda essa água, o
desperdício e o desmatamento de matas ciliares têm sido um grande problema. Parte
dos produtores acabam desmatando essas áreas de preservação sem se preocupar
com o futuro das nascentes que, muitas vezes, sofrem erosões e assoreamentos. Pensando
nisso, produtores de MS têm se adequado e mostrado que é possível produzir de
forma sustentável.
Carlos Eduardo Barbosa Colucci é
proprietário da “Fazenda Laranjeiras” localizada entre os municípios de Guia
Lopes da Laguna e Maracaju. Ele divide sua propriedade em agricultura e
pecuária. Carlos tem consciência da importância de preservar os recursos
hídricos e por isso protege as nascentes existentes em sua propriedade, mantendo
as matas ciliares intocáveis. Segundo o agrônomo Lucas Bach, “a preservação dos
recursos hídricos é de suma importância para a preservação da fauna e da flora,
para manter um equilíbrio no ecossistema”.
Magali Aquino Barbosa é
proprietária de uma das fazendas às margens do Córrego dos Tocos, que é um dos
afluentes do Guariroba. Ela, assim como outros proprietários da região, preservava
as matas ciliares, mas não tinha consciência de que era necessário fazer mais
pelas nascentes.
Com uma criação de gado extensiva,
os fazendeiros precisavam dos recursos hídricos, que cada vez mais estavam
diminuindo. Foi então que surgiu um convite da associação, juntamente com
projeto o “Manancial Vivo”. O projeto serviu como um despertador para os proprietários
que estavam estagnados.
Magali começou um trabalho de
recuperação da área degradada. Foram plantadas em sua propriedade 2 mil mudas
na extensão do córrego, bem como criadas curvas de níveis na propriedade e
cercadas as áreas úmidas.
Foto: Magali Aquino Barbosa |
A água do córrego é utilizada na
propriedade de forma direta. Os antigos donos utilizavam um pequeno desvio, que
é mantido até hoje. A água passa por ele e é conduzida até uma roda de água, um
objeto circular onde a água passa. Por meio dele é possível transportar a água
do rio para partes mais altas da propriedade. Essa água é levada para uma caixa
onde é distribuída na propriedade, onde será usada para o consumo doméstico,
para abastecer os bebedouros dos animais e irrigar a horta.
Após 3 anos de reflorestamento e proteção
das nascestes, tudo mudou, o fluxo de água na propriedade aumentou
significativamente a qualidade da água melhorou muito. Animais que antes eram
difíceis de se ver na propriedade, retornaram, como os pássaros, antas e
capivaras. “O retorno financeiro é importante, sem dinheiro não faríamos nada, ver
a qualidade da água melhorando e ver a volta da fauna e da flora mostra que
vale a pena preservar” finaliza Magali Aquino.