A pesquisa é da Universidade do Arizona
Yara
Borges
A comunidade científica ainda tem duvidas quando se fala em imunidade Foto: Pebmed |
Segundo um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos, os anticorpos responsáveis por protegerem o organismo de ser infectado com o novo coronavírus, podem ter duração de até sete meses.
Os
pesquisadores acompanharam durante meses cerca de 6 mil pacientes infectados
pelo vírus e descobriram que os anticorpos contra o Sars-CoV-2 podem continuar
presentes no sangue dos pacientes por um período de cinco a sete meses.
Foram
confirmados casos de pessoas reinfectadas, que apresentaram sintomas mais
graves quando ficaram doentes com covid-19 pela segunda vez, o que acaba levantando
dúvidas na comunidade científica quando se fala em imunidade.
Ao
longo dos últimos meses foram divulgados diversos estudos que mostravam que os
anticorpos contra o novo coronavírus iam diminuindo passados alguns meses após
a infecção, principalmente em pessoas que apresentaram sintomas ligeiros.
O
estudo norte-americano, divulgado na terça-feira (20), na publicação científica
Immunity, é considerado um dos maiores realizados até agora. "O nosso
estudo mostra que é possível gerar uma imunidade duradoura contra esse
vírus", explicou Deepta Bhattacharya, pesquisador da Universidade do
Arizona e coautor do trabalho.
"Nas
infeções moderadas que analisamos, a resposta de anticorpos parece bastante
convencional. Os níveis dessas proteínas sobem primeiro, depois caem e no fim
acabam por estabilizar", continuou. E quanto às reinfecções, o
investigador explica que pode acontecer, mas que são casos "excepcionais".
Quando
um vírus infecta o corpo, o sistema imunológico produz células plasmáticas de
curta duração, que produzem anticorpos para combater imediatamente o agente
patogênico. Esses anticorpos aparecem no sangue, normalmente, até 14 dias após
a infecção e, segundo o autor do estudo, alguns deles "são muito
sofisticados", podendo memorizar um patogênico para sempre e desenvolver
armas moleculares para o destruir, incluindo diferentes tipos de anticorpos de
elevada potência.
Estudo
O
estudo norte-americano resultou de uma campanha de testes que envolveu 30 mil
pessoas. Os investigadores, no entanto, analisaram e acompanharam 5.882 dessas
pessoas, estudando a produção de anticorpos neutralizantes em mais de mil. A
prevalência de infeções é baixa, contando apenas com cerca de 200 pessoas que
transmitiram o vírus e produziram anticorpos neutralizantes, explicou
Bhattacharya.
"Se
os anticorpos fornecem proteção duradoura contra o novo coronavírus tem sido
uma das perguntas mais difíceis de responder, essa investigação não só nos deu
a capacidade de testar com precisão os anticorpos contra a covid-19, mas também
o conhecimento de que a imunidade duradoura é uma realidade".
Ao
analisar o sangue de voluntários que testaram positivo para o novo coronavírus,
os cientistas descobriram que os anticorpos estavam presentes em níveis viáveis
por um período de, pelo menos, cinco a sete meses. Contudo, o máximo que a
equipe conseguiu voltar atrás no tempo, para ver a duração dos anticorpos foi
precisamente sete meses, uma vez que a epidemia chegou relativamente mais tarde
ao Arizona.
"Só
conseguimos testar seis pessoas que foram infectadas há cerca de sete meses,
mas temos muitas outras infectadas há três, quatro, cinco meses", disse o
pesquisador. "Não temos uma bola de cristal para saber quanto tempo os
anticorpos duram, mas com base no que sabemos sobre outros coronavírus,
esperamos que a resposta imunológica seja mantida durante pelo menos sete
meses, e provavelmente por muito mais tempo".
"Sabemos
que as pessoas que foram infectadas com o primeiro coronavírus da Sars, que é o
mais semelhante ao Sars-CoV-2, ainda conseguem estar imunes 17 anos após a
infecção", acrescentou Bhattacharya. "Se o Sars-CoV-2 for parecido
com o primeiro, esperamos que os anticorpos durem pelo menos dois anos, e seria
improvável qualquer período muito mais curto [do que isso]."