Segundo a Fiocruz, estudos iniciaram nesta segunda-feira (20), com participação de cientistas de todo o mundo
Thais Cintra com informações SES
O recrutamento dos voluntários está aberto Foto: Fiocruz |
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), iniciou nesta semana, pesquisa com a vacina BCG para verificar o nível de imunização contra a covid-19. Cerca de dois mil profissionais da saúde da capital poderão participar dos estudos, onde terão acompanhamento profissional durante um ano.
O responsável pela coordenação das pesquisas em Mato Grosso
do Sul, o médico e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, explica que o projeto
envolve diversos países em mais de 10 mil trabalhadores da saúde de todo o
mundo. “É o maior projeto para avaliar a BCG. É lógico que a vacina da BCG não
é uma vacina específica para a covid, mas vem como uma alternativa e precisamos
avaliar se ele tem alguma proteção quanto a imunização” ressalta.
A pesquisa segue aberta, o recrutamento dos voluntários é
feito pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
(UFMS) e os interessados devem realizar pré-cadastro no link:
bit.ly/bcgcovid-19. Podem participar profissionais do setor de saúde, maiores
de 18 anos, que não tenham sido infectados pela Covid-19 previamente e não
podem estar participando de outro ensaio clínico.
Antes de receber a vacina, em dose única, os voluntários
passarão por entrevista e testagem sorológica. Todos serão acompanhados pela
equipe de pesquisa por até um ano, por meio de ligações telefônicas semanais e,
se apresentarem qualquer sintoma sugestivo de covid-19, poderão fazer a coleta
do swab nasal para avaliar a presença de Sars-Cov2. Além disso, retornos
trimestrais serão agendados para verificar a presença de possíveis infecções
assintomáticas através de sorologia.
Sobre a BCG
O "Brace Trial" é um ensaio clínico de fase
III que visa avaliar se a vacinação ou revacinação com BCG pode reduzir o
impacto da covid-19 em trabalhadores de saúde, população mais exposta ao novo
coronavírus. A BCG, além de oferecer proteção contra tuberculose, ensaios clínicos
realizados em diversos países apontam a ação da vacina BCG em outras infecções.
Na Grécia, um ensaio clínico de revacinação com BCG em idosos demonstrou uma
redução de 79% de infecções respiratórias após um ano de acompanhamento.
Em pesquisa realizada na Guiné-Bissau verificou-se que a
vacina BCG reduziu em 38% as mortes em recém-nascidos naquele país,
principalmente ao reduzir os casos de pneumonia e sepse. Na África do Sul,
estudos relacionaram a vacina a uma redução de 73% nas infecções no nariz, na
garganta e nos pulmões.
Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina BCG é
obrigatória no Brasil para recém-nascidos desde 1976. Porém, pode ser tomada
até os quatro anos de idade. O imunizante protege crianças de até cinco anos de
idade das formas mais graves da tuberculose.