Os perigos por trás das propagandas de produtos destinadas às crianças
Lene Fernandes
Para Claudia
Filatro, presidente da organização não governamental Pró- Crianças e
diabéticos, com sede em são Paulo, as famílias se tornaram reféns de uma
cultura consumista. Para ela, quando se fala da publicidade de produtos
voltados para esse público consumidor, não é apenas a saúde física dessas
crianças que está em jogo, mas também envolve a saúde mental e psicológica
dessas crianças, que se tornaram reféns de apelos da maioria das propagandas.
Muitas
iniciativas de marketing têm o objetivo de não somente incentivar o consumismo,
mas também o de criar e multiplicar pessoas consumistas, visando viciá-las em
suas marcas.
Gabriela Vuolo, que
é coordenadora de mobilização do projeto Criança e consumo, diz que além do
constante estresse familiar, provocado pelos pedidos incessantes das crianças,
as propagandas dirigidas a esse público em geral, transmitem valores materialistas, e muitas vezes, fazem a
criança acreditar que é preciso ter para
ser, gerando um impacto profundo na sociedade em geral.
Para ela, a
publicidade deveria ser voltada somente aos adultos, por serem eles que têm de
fato, o poder de compra. Ainda segundo Gabriela, existem outros malefícios
resultantes dos apelos das propagandas, que são a erotização precoce e a
diminuição das brincadeiras criativas, isso sem falar no aprofundamento das
desigualdades sociais.
Segundo a
psicóloga Adriana Oliveira, é preciso ter muito cuidado, pois sem orientação da
família, uma criança consumista pode se tornar um adulto egoísta e competitivo,
sem vínculos afetivos, e extremamente ansiosos pelo “ter”, pensando que somente
dessa forma ele será importante e respeitado, enfatiza.
A jornalista Giselli
Nichols, que também é mãe de duas crianças, acredita que os pais devem levar
seus filhos a entenderem e valorizarem o “que realmente importa, pois em
diversas ocasiões até mesmo um adulto pode ser seduzido pelos produtos
anunciados, que dirá as crianças”.