A persistência na violência doméstica no
Brasil. Uma lacuna que precisa ser preenchida com ações firmes.
Alexander Vieira
Reprodução/ Internet |
Há muito tempo o tema é debatido,
comentado, muitas vezes solucionado. Mas o que realmente acontece nos dias
atuais para que o número de agressões contra as mulheres cresça
desesperadamente? A incidência relevante causa traumas em toda uma comunidade.
Onde está erro? Existe um limite que precisa ser quebrado. O mal precisa ser
eliminado das famílias brasileiras.
A violência seja ela física,
verbal ou psicológica, afeta uma casa, uma família e uma sociedade inteira, e
por isso deve ter um respaldo maior como qualquer outro crime. Penas mais
severas e de longa duração seriam o suficiente? Sabe-se que aquele que é capaz
de constranger, intimidar, ameaçar, pode também matar.
Dados do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça) revelam um crescimento de 16% nos casos registrados, o que
induz a pensar que o número real é bem maior. Atualmente existem leis punitivas
contra crimes como esse, porém há uma persistência drástica no contexto a qual
está inserido. Percebe-se que mesmo com tantas ações, as punições ainda não
conseguem intimidar os agressores. O desprezo pela classe feminina pressupõe
algo inerente à desvalorização da mesma em relação aos militantes do sexo
oposto.
Em 2015 foi inaugurada em
Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, a primeira Casa da Mulher
Brasileira. No entanto, de lá pra cá o número de violências chegou a índices
alarmantes. Umas das violências mais graves, a física, impera há vários anos
nos lares brasileiros. Pessoas descontroladas, famílias desestruturadas, e uma
sociedade caótica. Recorrentemente, existem diversos casos em que as vítimas se
acanham em denunciar o agressor. Em muitas situações, a vingança desses
intimidadores, depois de cumprida a punição, faz com que a vítima se submeta ao
silêncio, não permitindo a si mesma o direito de viver em liberdade, longe de
barbáries como essa.
O que deve ser contestado:
* A ideia de que mulheres
sempre são rivais;
* Que disputam a qualquer
custo a atenção dos homens, o cargo na empresa, a coroa de rainha do baile;
* Alfinetadas e a visão
deturpada e inconsistente de que “mulher não é amiga de verdade de outra
mulher”;
* Não acreditar que juntas
são melhores, mais fortes, menos fragilizadas, mais capazes;
* Que a “amante” é a grande
vilã do casamento (sendo que o homem também tem poder de escolha);
Sororidade
– a mudança
Ações de mulheres para
ajudar as mulheres. Sororidade vem no latim sóror, que significa “irmãs”. Este
termo pode ser considerado a versão feminina da fraternidade. Consiste no não
julgamento prévio entre (e contra) as próprias mulheres. Elas, na maioria das
vezes, ajudam a fortalecer estereótipos preconceituosos criados por uma
sociedade machista e patriarcal.
Os números em relação à
mulheres ainda são alarmantes: 12 mulheres assassinadas, por dia, em média, no
Brasil; 4.473 homicídios dolosos aconteceram no país, em 2017; 946 deles,
feminicídios; 96.612 mulheres assassinadas entre 1980 e 2011; 41% dos
brasileiros (ou 52 milhões de pessoas) conhecem algum homem violento com a
parceira
O
outro lado
*US$12 trilhões seriam
acrescentados ao PIB global com a redução da desigualdade de gênero, em 2025;
* US$ 28 trilhões
acrescentados ao PIB, no cenário de potencial máximo das mulheres;
* US$ 410 a US$ 850 bilhões
seria o aumento no PIB somente no Brasil.
Por que não acontece?
* Iniciativas, projetos e
estudos para a concretização desses fatos ainda são pontuais;
* Estatísticas econômicas
não têm dados numéricos confiáveis;
* Ações para o universo
feminino não avaliam o retorno os impactos financeiros;
* Pesquisas não avançam por
falta de financiamento ou de recursos humanos.
Os
avanços nas redes sociais
As buscas pela palavra
feminismo, especificamente, cresceram 200% nos últimos dois anos, e a procura
de informação sobre machismo cresceu 163%, no período. Feminismo negro é 65%
mais procurado hoje do que em 2016.
Portanto, essa cultura a
qual vive a sociedade deve ser trabalhada e contestada. Haverá, sim, um índice
retrógrado se o tema for trabalhado de maneira ampla e bem planejada, começando
com as instituições formadora base, onde casa e escola trabalham juntas.