Pesquisa revela que o mesmo fenômeno acontece em todo o mundo
Tero Queiroz
Apesar da aparente igualdade entre os sexos, os salários entre homens e
mulheres continuam sendo diferentes. Mas não só esse ambiente desagrada a
maioria dos trabalhadores, além das diferenças de salário por gênero,
sobressaem as diferenças por tempo de execução do trabalho, ou seja, quanto
mais se trabalha menos se ganha no Brasil.
Aos brasileiros são pagos salários baixos em comparação com os demais
países, destaque entre os povos que mais trabalham atualmente no mundo. Os
dados coletados pela OCDE - Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico - recentemente, fomentaram essa diferença na Europa e nos Estados Unidos.
O Brasil não fez parte desse estudo, mas é fácil comparar com os países
nele incluídos. As diferenças salariais são abissais, chocantes: na Austrália e
Luxemburgo, onde estão os melhores salários médios do mundo, aproximam-se de
R$6.000 mensais e seus cidadãos estão entre os que menos trabalham no mundo.
Esse mesmo quadro - salários elevados e poucas horas trabalhadas - se repete na
Alemanha, Suíça, Noruega, Holanda, Dinamarca, Bélgica, Canadá e tantos outros.
Para comparação mais atenuada, a reportagem seguiu durante apenas um dia
a vida de três personagens importantes para a economia e sociedade como um
todo. São eles um político; vereador Otávio Trad (32 anos); uma professora de
educação pública; Rosangela Amaro (45 anos); e um trabalhador e estudante;
Marcos Maluf (32 anos), todos eles moradores de Campo Grande, estado de Mato
Grosso do Sul, no Brasil.
Terça-feira, 25 de setembro de 2018, são exatamente 7h30 da manhã. Nosso
repórter está em frente a um prédio em Campo Grande. Hoje
acompanharemos um pouco do dia de trabalho do vereador, que pediu que
a reportagem fosse feita hoje, terça-feira, “por que é um dia que tenho sessão
[na Câmara], dia de sessão você pega os compromissos mais importantes”,
explicou em mensagem enviada ao repórter.
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Quarta-feira, 9h20 minutos, Maluf conta em vídeo sobre sua manhã de
trabalho. "Eu sou eletricista industrial, estou agora em cima de um
telhado, acordei cedo. É uma adversidade muito grande, a diferença é muito
grande de um trabalho para outro. Esse é um trabalho 'periculoso' (sic), mais
tarde vou fazer foto jornalismo em uma segunda jornada. No Brasil se temos
pouca oportunidade temos que criar, e isso me faz acordar todo dia",
explica Marcos.
Maluf é pai de uma filha e vive em Campo Grande. Cursando Comunicação
Social - Habilitação em Jornalismo na universidade Uniderp-Matriz, polo
localizado na Avenida Ceará, 333 na cidade.
Após encerrada a sessão na Câmara Otávio Trad nos contou pouco sobre sua
agenda, e nos convidou para acompanhá-lo a noite, onde ele faria a abertura de
jogos dos funcionários públicos da cidade.
Terça-feira, 20h23 minutos, nossos repórteres acompanham ainda o
vereador, ele fará a fala de abertura dos jogos. Em sua fala de abertura o
vereador brinca sobre a liderança de um time dos times, os times são divididos
por órgãos públicos que estes funcionários representam. No local há banda
formada também por funcionários [representado em fotojornalismo na galeria],
trata-se de um encontro de lazer desses trabalhadores. A abertura da sessão na
Câmara será representada nas imagens a seguir:
Cerca de 30 minutos depois, os repórteres chegam na casa da professora
de matemática, Rosangela Amaro. Ela desce do carro e convida os repórteres a
entrar em sua casa. Rosangela ainda convida os repórteres para um almoço após
apresentar sua casa e sua família. Na casa vivem Rosangela e os dois filhos,
apenas Rosangela trabalha.
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Ainda no trajeto até o “segundo turno” de trabalho, Marcos Maluf conta
sobre sua satisfação salarial, Maluf tem carro próprio de custeia também seu
combustível de um trajeto para outro de trabalho.
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Professora Rosângela, finalizou o encontro com a reportagem as 14h21
minutos, momento em que os repórteres deixaram a sala de aula em que ela
lecionava. A aula que falava sobre ‘Matemática Financeira’, direcionada a uma
turma de ensino médio.
A análise de ganho das três profissões mostra os resultados na prática
de pesquisa de ganho ainda não realizada no Brasil. Mas que na análise
realizada pela OCDE permite concluir que os países do Norte da Europa e alguns
do Centro, são os mais privilegiados na equação trabalhar menos e ganhar
melhores salários. São países com alta produtividade e que pouco produzem bens
de baixo valor de compra - roupa ou calçado - e privilegiam a produção dos
melhores carros do mundo e de equipamentos altamente sofisticados.
No comparativo ao levantamento desta pesquisa, brasileiros poderiam
trabalhar mais que em tempos de escravidão e ainda assim não receberiam nem
mesmo a metade do que alguns povos europeus recebem.
Além da produtividade ser baixa no Brasil e em muitos outros países, o
debate que está posto na Europa e EUA é o da qualidade de gestão. Admite-se
como fator coadjuvante à produtividade, a má qualidade dos gestores para não ultrapassarmos
a barreira de trabalhar muito e ganhar baixos salários.
Galeria de fotos:
*Fotos e vídeos: Eva Elvina