Évelin
Costa
“Ficar em casa e morrer de fome ou ir trabalhar e morrer
de Coronavírus?” Desde o início da pandemia em todo mundo, milhares de pessoas
tiveram que entrar em quarentena, fazer o isolamento social para tentar conter
o avanço do coronavírus na população. No Brasil, não foi diferente. Porém, atos
de protestos envolvendo eleitores da atual Presidência da República contra o
isolamento se multiplicaram.
Em um momento de prevenção, de cuidados para evitar o
contágio da Covid-19, centenas de brasileiros tem ido às ruas contrariando as
orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde) para apoiar o presidente Jair
Bolsonaro. No Twiter, fãs e eleitores postam vídeos e imagens de manifestações
a favor do presidente. Um embate criado pelo chefe do Executivo tem sido montado:
“ficar em casa e morrer de fome ou ir trabalhar e morrer de Coronavírus?”,
pergunta que não há resposta, nem opção de escolha porque não há cabimento
impor à população “escolher” a forma de morrer. É claro que os dois pontos são
analisados, mas não postos na mesma linha de pensamento. A Dona Maria não quer
morrer de fome nem de coronavírus. Ela quer alguém que lute pela vida ao invés
de ser somente números às autoridades. O seu João está de luto pelo filho que
morreu pelo vírus por falta de atendimento em hospitais, a Dona Mariuza pede apenas por respeito e
empatia pelo próximo. Esses são apenas exemplos de milhares de brasileiros que
estão na mesma situação, pedindo por mais leitos, por mais saúde, por mais profissionais
da área médica para atender a população.
“Ficar em casa e morrer de fome ou ir trabalhar e morrer
de coronavírus?” Essa foi a frase usada pelo próprio presidente, que enxerga
tudo isso como uma “gripezinha” e desdenha de um vírus tão forte que tem feito
milhares de vítimas. Durante atos políticos, Bolsonaro, que deveria ser o
exemplo para a sociedade, aparece sem máscara, esbanjando beijos, abraços e
apertos de mão na população nas ruas. Qual o motivo de tanto descaso? Manaus
teve o pico de enterros durante um dia e tiveram que abrir valas comuns para
enterrar de 10 em 10 pessoas. Enquanto o líder da nação diz: “e daí, não sou
coveiro”.
Até quando nós, brasileiros, seremos apenas números? O
povo pede socorro na saúde pública, nas UTI’s e leitos de hospitais do país.
Pede socorro às autoridades para receber alguma ajuda para manter a casa e a
família. Enquanto nada se resolve, seguimos com esperança e nos cuidando da
forma que podemos nesta guerra invisível.