RESENHA - “Irmandade” e como formar uma facção criminosa

                                                                                               Sabrina Trentin

 

Reprodução/ Cine Set
A série brasileira “Irmandade” conta a história do surgimento de uma facção criminosa similar ao PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, no início da década de 1990. A produção teve figurantes que entendiam daquele universo, prisioneiros de verdade adotaram o grupo fictício como se fosse real. A série foi gravada em um setor desativado da Penitenciária Estadual de Piraquara.

A série encontrou uma forma de passar um “pano” e esconder a dimensão de alguns problemas existentes naquela realidade, ou seja, ela mostra um Brasil que nenhum estrangeiro gostaria de visitar. Ela ressalta muito bem como funciona o sistema prisional e as facções criminosas. No entanto, os personagens não são afetivos e faz com que o público os julgue.

            Para mim, uma pessoa que não gosta de assistir a séries, a “Irmandade” glorificou os criminosos. Não sou contra esse tipo de ficção, até porque assisto muitos filmes com o mesmo tema. No entanto, posso dizer que a “Irmandade” é uma junção dos filmes prisão, traição, conflitos e abuso da força policial.

            A pergunta que faço é: o que une as pessoas que fazem parte de uma facção? Porque, para ganhar dinheiro sujo, existem outras formas sem precisar fazer parte de uma facção. No caso da série em questão, aquela facção foi criada como afronta à violência e abuso de autoridade. Afinal, vamos combinar que as próprias autoridades de nossa cidade podem ser abusivas. Ouvindo relatos de policiais, vimos que quando sai na mídia alguns casos de abuso, eles realmente precisam ser investigados porque existe o abuso. Por outro lado, se as autoridades usaram “a força”, é porque existiu o abuso pelo infrator.

            O personagem principal foi vivido por Seu Jorge, no entanto, quem interpretou mais e levou a melhor foi sua irmã Cristina. Neste caso, podemos citar a importância das mulheres participarem em facção. A série mostra claramente porque os “chefões” do tráfico usam as mulheres para cometer os crimes.

Outro ponto que precisa ser citado é que a série foi tão bem feita, explicando como cavar um túnel, por exemplo, como são realizados os esquemas, que se se alguém quiser aprender os macetes é só assistir a série que vai aprender tudo. E ai? Já temos um novo bandido na sociedade.

Para que houvesse mais temporadas, a série poderia ter deixado o ponto alto em interrogação. Por exemplo, não ensinar o criminoso, apenas dar o caminho. Mas como já disse, não sou fãs de séries, assisti essa por acaso e tenho a dizer que, em resumo, ela é o manual para ação criminosa.

Confira o trailer: https://youtu.be/xt11-wM_UdY

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