Relacionando o aborto com o holocausto


Por Tamires Santana


São vários os argumentos que podem ser discutidos quando o assunto é a descriminalização ou não do aborto Brasil. Atualmente, de acordo com a legislação, a interrupção da gravidez é permitida em três casos, sendo eles: Estupro, risco à vida da mãe ou anencefalia, ou seja, quando no início da gestação é descoberto que a criança não possui cérebro.

Entretanto, ainda falando de leis, o Código Penal Brasileiro considera que a vida se inicia na fecundação do espermatozoide no óvulo, passando, a partir desse momento, a garantir ao embrião todos os direitos civis, sendo assim, o aborto é considerado um crime contra a vida humana. Sobre isso, cabe lembrar aquele antigo argumento utilizado pelos que são contra a descriminalização: “Todo ser tem direito à vida, sendo isso, independente da vontade de terceiros. ”

Quando discutimos sobre esse tema, é fácil encontrar diversas opiniões e argumentos. Levando em consideração minha opinião formada que defende a não legalização, vou expor algumas considerações que me levaram a essa conclusão.
Inicialmente, como já foi citado todo e qualquer ser tem direito à vida, sobre isso não há o que argumentar. Agora vamos aos dados:

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil cerca de dois mil abortos clandestinos são realizados por dia, sendo o ato permitido nos casos já citados, pode-se concluir que esse número é referente as mulheres que não se encaixam em nenhuma das exceções. Logo, são casos de gravidez não desejadas pela mãe que por isso decide praticar o aborto, se submetendo à riscos e até possíveis traumas psicológicos.

Tendo esses dados em vista, pode-se entender que mais de 700 mil bebês têm a vida interrompida no ano, mesmo sendo proibido por lei. Já parou para pensar no quanto esse número aumentaria caso a interrupção da gravidez fosse legalizada? Isso é desumano! Não se pode interromper a vida de um ser tão inocente feito por você, que no ato da concepção estava ciente dos riscos que estava correndo, pois quem tem a vida sexual ativa, especialmente aqueles que não se previnem, estão expostos ao risco de doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada.

Aliás, até os que se previnem estão expostos ao risco do preservativo falhar, pois é comprovado que nenhum dos métodos contraceptivos são 100% confiáveis, ficando o direito de escolha que é defendido por muitos que são a favor da legalização a critério do casal a partir desse momento. Dessa forma, quem pratica algum ato sabendo que ele pode trazer resultados indesejáveis, deve se responsabilizar por ele, independente de qual seja.

Há gráficos que comprovam que as pessoas que mais praticam esse ato são as mulheres com menos instrução e de classe social mais baixa, porém eu volto a ressaltar o que foi citado defendendo que atualmente por menos instrução ou idade que tenha uma pessoa, ela sabe as consequências que o sexo pode causar.

Agora, vamos refletir sobre uma comparação do aborto com o holocausto? Essa relação é abordada no vídeo “180 graus - aborto, mude seu coração”, e pode ser visto como uma comparação exagerada inicialmente e eu compreendo o espanto, pois mesmo sendo contra eu também fiquei em choque quando um conhecido comentou comigo sobre este vídeo documentário. Inclusive, recomendo que tire alguns minutos do seu tempo para assistir, mas esteja preparado, pois as cenas são fortes. Vou fazer um breve resumo dele aqui.

Resumidamente, o narrador relembra o número de pessoas que foram mortas e enterradas vivas por nazistas e pelo exército alemão entre no holocausto, cerca de 11 milhões. No decorrer do vídeo, algumas pessoas são questionadas se caso estivessem presentes no holocausto e fossem pedidos por Hitler, o líder dos nazistas, para enterrar milhões de pessoas entre mortas, vivas, crianças, adolescentes, adultos e idosos, e se elas se se recusassem, morreriam. Grande parte delas se negou a atender o pedido, alegando valorizar a vida humana, mesmo que para isso tivessem que dar a vida como preço.

Logo após, essas pessoas são questionadas sobre qual posição elas têm diante do aborto, algumas pessoas mudam os argumentos dizendo que um feto ainda não é um bebê ou que a mãe tem direito de escolha, entretanto as mesmas pessoas ficam sem ação ao ter que repetir a frase dita pelo entrevistador “Não tem problema matar um bebê no útero”, e ele insiste, pede para repetirem a frase para terem consciência da gravidade do que estariam dizendo.

Ao serem questionadas pelo entrevistador se um feto possui ou não vida nos primeiros meses de vida, alguns respondem que a possibilidade é pequena, então mais uma vez são questionadas: “Eu quero explodir um prédio e pode ser que tenha pessoas lá dentro, mas eu vou explodir mesmo assim? ”, pois é, mais uma vez os entrevistados ficam sem resposta.

Ficou clara a relação? No holocausto, milhões de inocentes tiveram suas vidas ceifadas, deixando famílias e os que ficaram mas presenciaram aquela época tem um trauma eterno. Com a legalização do aborto, milhares de seres inocentes terão também suas vidas finalizadas pela vontade de terceiros que tiveram o direito de escolha muito antes.

Ainda há aquele velho argumento que diz “Meu corpo, minhas regras”, afirmo que o corpo é seu sim, até o momento em que você não carrega outra vida de você, que assim como todos nós tem o direito à vida, independente da vontade de quem seja.
Convenhamos, discutir se é certo ou não interromper a vida de um inocente que comprovadamente pela medicina nas primeiras semanas enquanto feto já é uma pessoa, é terrível, desumano e incontestável.

* Tanires Santana é acadêmica do 5º semestre do curso de jornalismo da Universidade Uniderp



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