RESENHA – “Dark” é um seriado para fazer você se questionar

Evelyn Thamaris

 

Reprodução/Quizidur

            Você provavelmente já deve ter assistido ou ao menos ouvido falar das famosas séries da Netflix, plataforma de streaming que se popularizou significativamente nos últimos anos. O serviço caiu no gosto dos brasileiros, que passaram a adotar uma nova mania: assistir a séries, dando origem ao termo “maratonar”, que nada mais é do que assistir a vários episódios de uma determinada série em sequência.

            Dentro deste universo existem vários títulos que se destacaram, ditando moda, despertando teorias e ansiedade por uma próxima temporada em seus expectadores. Uma delas é a série de origem alemã intitulada “Dark”. O seriado criado por Baran bo Odar e Jantje Frise foi lançado em dezembro de 2017, contendo 10 episódios com cerca de 40 minutos de duração cada. Ambientada em uma pequena cidade fictícia, localizada na Alemanha, Winden fica próximo a uma região de floresta, que abriga uma usina de energia nuclear.

            Inicialmente, “Dark” se assemelha a “Stranger Things”, outra série original Netflix, tendo em seu primeiro episódio o desaparecimento repleto de mistérios de uma criança, desencadeando uma busca realizada pelas autoridades e população da pequena cidade. Entretanto, a história logo toma outros rumos, surpreendendo os expectadores.

            Viagem no tempo é o tema central de “Dark”. Ela transporta quem assiste a uma trama repleta de idas e vindas no tempo, sugerindo um paradoxo temporal, utilizando uma narrativa envolvente, carregada de minuciosidades, como efeitos sonoros, fotografia e trilha sonora. Além disso, há um caprichoso cuidado na escolha dos personagens que vivem simultaneamente em tempos diferentes, automaticamente com idades discrepantes, porém, mantendo aparência extrema entre si. São situações observadas que cooperam para uma narrativa estimulante e complexa.

            Um outro fator muito curioso que contribui para a atmosfera de conspiração de “Dark” é a questão do uso de fatos reais, como a explosão nuclear de Chernobil que, na trama, é representada pela usina de Winden, se passando no mesmo ano do acidente original. A situação descrita aparentemente abre a fenda temporal permitindo a viagem no tempo.

            O paradoxo temporal ainda é fortalecido pela fala de Albert Einstein, físico teórico alemão que desenvolveu a teoria da relatividade geral, um dos pilares da física moderna. “A diferença entre passado, presente e futuro é só uma ilusão persistente”. O trecho foi extraído de uma carta do físico ao filho e à irmã de um grande amigo, Michele Angelo Besso. Introduzida de forma não-linear, a fragmentação dos acontecimentos exige atenção redobrada em cada cena para que, somente assim, seja possível tecer a teia dos acontecimentos e compreender lance a lance cada mistério.

            Uma das séries de maior sucesso da plataforma Netflix, “Dark” teve a data de sua última temporada anunciada recentemente, mantendo todo o ar de suspense caprichosamente trilhado. O anúncio ocorreu a exatamente 33 dias de sua estreia e também no simbólico dia do “apocalipse”, ambos correspondentes a simbologias presentes na trama. Este é apenas um dos detalhes cuidadosos que seduziram uma legião de admiradores.



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