RESENHA - Megara quebra estereótipos em “Hércules” da Disney

                                                                                                               Lucas Oliveira 

           A frase com muita personalidade se tornou marca registrada da personagem na animação da Disney: “Eu sou uma donzela, estou em perigo, mas eu me viro. Tenha um bom dia”. Essa foi uma das características de Megara, a heroína que participa das aventuras de Hércules, em 1997.

            Considerado um grande sucesso, fãs sempre almejaram que a obra fosse adaptada para o cinema, o que poderá ser feito em uma adaptação live-action pelos Irmãos Russo. De acordo com a produção e roteiro, a personagem foi baseada em duas mulheres de contos mitológicos gregos. Meg, como também é chamada, foi dublada pela atriz Susan Eagan e marcou uma evolução das personagens femininas lançadas pelo estúdio.

            Na década de 1990, a empresa já apostava em animações e tinha interesse em popularizar ainda mais as princesas, mas a ideia é que houvesse uma evolução das personagens brancas e passivas que sempre precisavam ser defendidas. A animação “Hércules” (1994) foi a oportunidade. Megara foi apresentada como a anti-heroína que não é dependente, não está em busca do herói perfeito e nem se apaixona por músculos, mas que trabalha em parceria com o vilão Hades, trazendo uma reviravolta com sua personalidade cômica e ácida. Porém, o elemento amor, item básico dos clássicos Disney, ainda é marcante.

            Ao analisarmos a história da personagem, temos a seguinte linha: Megara vendeu a alma para salvar o namorado, que a deixou por outra logo depois, vindo daí a desilusão da personagem quanto ao amor. É claro que, em algum momento, ela passa a nutrir sentimentos pelo herói. Afinal, é Disney. Mas com uma certa consciência e parceria, bem mais do que em animações produzidas antes.

            Além desses fatores, o filme conta a história de Megara e seu antigo namorado, dando a entender que a ela seria a primeira mulher não-virgem a surgir em uma animação Disney. Divertida, traiçoeira e cínica, claramente, não são adjetivos para classificar as personagens femininas da Disney, nem até 97 nem depois. Porém, a evolução de mulheres decididas a enfrentar o mundo por seus ideais acabou virando uma “receia” bem aceita do público. Afinal, no ano seguinte, tivemos a estreia de Mulan, que também traz os traços da mulher que se apaixona, mas que também não hesita em lutar.

            Obviamente Anna, Elsa, Tiana, Moana e outras são ótimas representantes quando pensamos em mulheres poderosas, mas a casa do Mickey nunca mais trouxe uma personagem tão complexa quanto a verdadeira heroína de Hércules.



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