Após caso de etarismo em SP, acadêmicos maiores de 40 anos desafiam o preconceito em faculdade
Alessandra em sala de aula ao lado do dos colegas do curso de educação física |
O caso de etarismo cometido por
três estudantes de uma universidade particular em Bauru (SP), contra uma mulher
de 44 anos, que estava em seu primeiro dia de aula, repercutiu nacionalmente de
forma negativa nas redes sociais. Em Campo Grande, o mestre em estudos
culturais, Eduardo Ramirez, 55, e a acadêmica de educação física, Alessandra
Kanashiro, 39, nunca foram alvos de preconceito entre os colegas de turma e
afirmam que o etarismo precisa ser discutido e avaliado.
Aos 44 anos, a acadêmica Patrícia
Linares foi vítima de etarismo quando estava em sua primeira semana de aula do
curso de biomedicina em uma universidade. Mas, o que é etarismo? Também chamado
de idadismo ou ageísmo, o termo é o preconceito ou discriminação por idade, que
atinge especificamente os mais velhos. E foi exatamente isso que aconteceu com
Patrícia no dia 9 de março, na Unisagrado, em Bauru (SP), quando a estudante
foi ironizada por outras três colegas devido a sua faixa etária.
Você já ouviu alguém dizer:
“Nossa! Você acha que ainda tem idade para isso?”, pois bem, isso se chama etarismo.
O preconceito se manifesta em diversos ambientes, mas principalmente no meio
familiar, profissional e de saúde.
Após encerrar a graduação de
ciências sociais com 51 anos e o mestrado em estudos culturais com 54, Eduardo
Ramirez, que possui atualmente 55 anos de idade, considera importante a
representação social que ganhou repercussão na mídia. “Nos convida a pensar que
o etarismo precisa ser avaliado num quadro maior do julgamento das diferenças
humanas”.
Quem está na ‘casa dos 40’ e decidiu reingressar na faculdade com 39 anos foi a Alessandra Kanashiro, formada em comunicação social no ano de 2004, e atualmente cursando o terceiro semestre de educação física. A acadêmica opinou que a sociedade precisa discutir a existência do ser humano e suas etapas de vida, e ressaltou o respeito no que se refere as pessoas maduras que decidem recomeçar os estudos. “São fatores sociais e culturais que envolvem nossa própria educação que precisam ser discutidos. Então, vejo essa importância de entender nossas fases da vida e respeitar cada momento”.
Por sua vez, a psicóloga Carolina Pina afirma que a forma como a sociedade vive atualmente impacta na forma que se enxerga e trata-se o envelhecimento. “Vivemos em uma sociedade imediatista, que troca facilmente o que ficou ‘antigo’ por algo recém-lançado e que vê a juventude como padrão único de beleza”.
Entre as consequências que a prática do etarismo pode causar, estão a desistência de projetos e sonhos das vítimas, que podem levar a solidão e com isso, ter menos qualidade de vida. “Muitos jovens acreditam que idosos não tem mais idade para saírem de casa em horário de pico, porque não fazem nada e podem sair em qualquer outro momento sem atrapalhar. Falam que eles já conseguem mais tomar decisões para a própria vida e várias outras crenças que já escutamos”, explica Carolina.
A profissional ainda destaca a importância do cuidado com a saúde mental em todas as fases da vida para evitar uma depressão em casos de discriminação. “É importante buscar ajuda profissional para lidar com esse momento, e que as pessoas próximas também estejam atentas a esses sinais para que o atendimento especializado chegue a quem está